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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O ciclo da vida

A gente nasce, cresce, se reproduz e morre.
Ainda no ensino fundamental abrem nossas cabecinhas e enfiam isso la dentro, como uma filosofia de vida só pra adicionarem todo o restante de obrigações sórdidas ao longo da nossa miserável vida. Uns anos mais tarde nos dizem que temos que fazer um tal de vestibular, que temos inúmeras provas assim que terminar o ensino médio, que isso é importante pra nossa vida. Um pouco mais tarde (quando já sabemos da importância exacerbada que dão ao dinheiro), dizem que precisamos de um emprego bom, que nos dê um retorno financeiro melhor ainda e que se foda se seremos felizes nas nossas humildes escolhas! O Governo disse que temos que ganhar dinheiro então vamos obedecer, afinal, não temos desejos mesmo! Temos que enriquecer alguém. 
Sempre fui do contra. Enquanto uns iam pela direita eu ia pela esquerda. Uns queriam doce e eu salgado. Agora não seria diferente. Muitos querem a faculdade e eu, quero minha liberdade. Não é birra, não é drama, não quero aparecer nem nada disso. Só não quero ser uma conformada que faz o que os outros mandam! Eu prezo a liberdade e a felicidade! Eu sei que não sou a unica que pensa assim e sei também que é uma minoria, mas é o que eu quero.
As coisas simples sempre exerceram um poder muito grande sobre mim. Ir à fazenda, colher flores, fotografar, ler, andar na rua, ler, viajar, pintar... Queria conseguir inserir isso tudo na minha realidade mas com os estudos fica um tanto complicado. 
Quando chegamos ao terceiro ano somos bombardeados com perguntas do tipo: "E ai, já sabe o que vai fazer da vida?" ou então: "Vai pra qual faculdade?". Mas caramba! Só temos 17 anos e já devemos tomar a decisão mais importante de nossas vida? É isso mesmo produção? Acho que tem algo de errado aí! Não devemos seguir essa lista que a sociedade impôs tão à risca! Pra quê toda essa caretice? Me diz! 
Não quero fazer faculdade agora, não sonho em ganhar R$10.000,00 por mês nem em morar em um apartamento de luxo. Não quero isso tudo pra mim. Ficarei contente se eu estiver fazendo o que me faz feliz.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Então respirei fundo


E por fim me senti sozinha. Senti como se nada mais pudesse tapar o buraco que sentia em meu peito. Como se nada pudesse mudar o que sinto agora.
Enxuguei as poucas lágrimas que escorriam pelo meu rosto e me sentei no chão, ao lado da cama. Me encolhi mais para tentar me esquentar e respirei fundo para afastar mais um surto. Fechei os olhos e tentei não pensar em nada, o que não adiantou. Me levantei e fui até a janela para abri-la. Eu precisava sentir o vento frio que vinha de fora. Ignorei as mensagens que chegavam a todo minuto no celular e liguei o rádio ainda mais alto. Então respirei fundo para afastar mais um surto. 
Me desviei de algumas roupas jogadas no chão e andei em direção à cozinha para pegar mais uma xícara de café. Voltei pra janela e fiquei admirando a paisagem da cidade. Prédios altos e cinzas, luzes na rua logo abaixo, ar poluído... A mesma cidade de sempre.
Abri a primeira gaveta da cômoda e peguei mais um cigarro. Havia adquirido esse vicio graças ao meu ultimo namorado, e a diversos problemas que a vida me trouxe.
Abri um caderno que estava jogado próximo à pilha de roupas e comecei mais um texto. Precisava tirar aquilo do meu peito. Toda aquela angustia, todo o rancor, a raiva, a tristeza... Precisava por isso fora de mim. 
Acordei com o despertador tocando uma de minhas músicas favoritas e percebi que estava atrasada. Corri pela casa em busca de meu casaco e sai porta à fora com meu cigarro entre os dedos. Desci a escada correndo, abri a porta e fui abraçada pelo vento frio que por ali passava.
Respirei fundo, fechei os olhos e rezei, para que nesse dia, tudo desce certo.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Tu não me tens mais


Querida, tu não me cativas mais, não me toma mais em seus braços, não me aninha, não me nina, não me tens junto a ti.
Não adianta chorar nem espernear como a criança birrenta que é. A sua escuridão e sua amargura não me atraem mais. Consegui enxergar lá fora um mundo melhor. Pessoas boas, novos amigos, flores, músicas alegres e cores.
Vamos por um ponto final em tudo? 
Deixe-me viver uma vida de paz, tenho um longo caminho pela frente e não pretendo ficar aqui, aninhada em teus braços. Quero a mesma liberdade dada aos pássaros, olhar o céu e ver algo bonito nele, quero ver a esperança e a pureza nos olhos de uma criança. Quero sonhar de novo e quero realizar meus sonhos.
Desculpa Depressão, mas você perdeu dessa vez.

domingo, 19 de janeiro de 2014

On the Road


Gosto da estrada. Pode se dizer que nasci nela. Aquele asfalto imenso e infinito à minha frente me faz pensar, sonhar, planejar, me sentir livre. Amo parar no posto e comprar besteiras pra comer, preparar a mochila, conhecer gente nova, realidades diferentes, chegar...
O meu problema é a volta. "A realidade me espera" penso na hora de fazer a mochila pela segunda vez. Odeio me despedir, dar o ultimo "tchau". Odeio voltar, dar meia volta e chegar em casa. Mas mesmo assim é necessário e tem um lado bom! Planejar a próxima. "Você mal chegou e já quer viajar de novo!" Diz minha mãe. "Ué, tem coisa melhor que pegar a estrada?" Pergunto à ela. É, não tem. Está no sangue. Meu pai saiu de casa aos 15 anos e viveu na estrada. De cidade à cidade. De país à país. Fugindo, correndo, pegando carona, tomando chuva e passando frio. Muita gente não gosta mas eu acho o máximo! Essa liberdade dos Mochileiros, dos Hippies. Não que eu vá abandonar minha vida, mas se eu puder realizar todos os meus sonhos com um pé na estrada, eu agradeço.


















terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Amor próprio


Eu me odiava.
Odiava meu cabelo que não era liso, minha pele que não era branquinha, meu nariz e meus dentes, odiava minha genética. "Bate na boca menina!" Dizia minha mãe quando eu proferia essas mesmas palavras. Mas é isso mesmo, odiava, no passado. Hoje saio distribuindo sorrisos sem me importar com as bochechas tocando na lente do óculos "maior que a cara", como diz meu pai. "Malditas bochechas gordas" Eu teria dito um tempo atrás, mas hoje? Agradeço a Deus por tê-las em meu rosto. Imagina que bizarro um rosto sem bochechas! Aprendi da pior forma possível a me amar. Caramba! Se eu não me amar, quem vai? "Sua mãe, seu pai, sua avó..." Caralho, você entendeu o que eu quis dizer né? Então.
Hoje eu amo meu sorriso torto, minhas bochechas desiguais e minha estranha covinha no queixo. Amo a pintinha que tenho no lábio superior e minhas sardinhas. Amo meus dentes grandes e meus cachos negros. Minha pele bronzeada -ou quase- não me incomoda mais e olha, sou feliz bem assim!
Gosto de me sentar com as pernas cruzadas e o notebook no colo pra massacrar o teclado em busca de algum texto que mostre tudo aquilo que sinto, gosto de pegar meus livros meio lidos e tentar terminá-los tomando uma xícara de chá, gosto dessa simplicidade do interior, de passar a noite acordada conversando com meus amigos, gosto de ficar sozinha olhando o teto e imaginando minha vida daqui uns 5, 15 anos. Gosto de planejar e de não planejar o dia de amanhã. E gosto com todo o meu coração desse ser humano mutável e dessa metamorfose toda que habita o meu ser.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Claustrofobia social


Antissocial.
Não sei se é isso, antissocial. Mas a solidão me cativa, me embala em seus braços, canta musicas de ninar e me faz dormir. Ou apenas tenho a alma de uma velha carrancuda que mora com sete gatos. Odeio barulhos repetitivos, musica alta, lojas lotadas, empurra-empurra, gente suada se esfregando em mim na balada e barulhos repetitivos. Sim, odeio barulhos repetitivos.
Sou chata pra cacete, um porre mesmo. I N S Ú P O R T Á V E L.
Eu gosto da coisa ao meu modo. Tem que estar certo pra mim e foda-se. Gosto de ficar zanzando pela playlist e alternando entre rock pesado e musica clássica. Gosto de ler meus livros de poesia e de escrever, dormir ouvindo a chuva caindo no telhado e tentando decifrar o que ela diz pra mim, ouvir o som dos pássaros, gosto de cantar, não só no chuveiro, mas em qualquer lugar com essa linda voz de taquara rachada que Deus me deu. Mas também gosto de passar noites acordada assistindo filmes sem uma moral definida, passo tardes assistindo as propagandas à lá Tekpix e comendo besteiras no sofá. "Saúde? O que é isso?" Me pergunto nesses dias. Sou dois opostos, dois polos que se juntam no final do dia pra descansar e que cobrem os pés mesmo num calor de 40°C só pro bicho-papão (ou qualquer outro monstro tenebroso) não puxar meu pé. Sou muito mas também sou pouco.
Tenho um limite, não suporto gente por muito tempo. Humanos que não são humanos, gente que não se importa com a gente, tudo isso me sufoca, me faz querer morar numa fazendinha afastada de tudo e de todos. Mas com o passar do tempo sinto falta da muvuca, do esfrega-esfrega, do povo suado, de toda essa gente que se torna insuportável com o passar do tempo.