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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

contínuo

levantei aos tropeços.

maldita ressaca, pensei.
não me lembro como esse abajur se quebrou.
onde estão os meus cigarros?
ah, achei. vou fumar só um.
nossa, já são 14h. vou passar um café.
deus, quanta dor de cabeça. acho que não tenho mais remédios. aquele dia tomei uma caixa.
 não me lembro de ter comprado mais.
droga, queimei a mão. que merda de fogão, preciso mandar arrumar.
vou tomar um banho, como algo na rua.
onde coloquei minhas chaves? droga
perdi minha câmera. onde estão as fotografias?
céus. vou me atrasar novamente.
achei.

e sai.

mundo a fora. selva de pedra. mais um dia de trabalho, vida irregular, dores infinitas e juízos míseros.
quem vê pensa, acha que ela está se matando aos poucos (talvez esteja mesmo), talvez seja mais uma suicida crônica. mas a vida passa e ela só está tentando se ajustar, se encontrar, se acalmar.

banalidades. vida cotidiana. o que querem de nós?

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

exilium

hoje pergunto à minha essência:
valeste a pena?
toda guerra, dor, abandono
foste por amor?
foste pela falta dele?
ou pelo abandono?
novamente imploro pela razão
deus? onde tu estás?
terei algum perdão?

e imploro
e choro

um choro silencioso e sem lágrimas. todas elas estão acabadas. todos que amei se foram. caí. por nove dias. uma queda infinita, tão grande quanto minha dor. dor de exílio, dor de abandono, de perda, de fim. apesar de não cair só, era como me sentia.
me lembro apenas das pedras. tao frias quanto o rei daquele lugar. era tudo escuro e vermelho e laranja. tudo ao mesmo tempo. e dói. deus, lhe digo: doeu. e ainda dói. 
peço perdão. sempre fui meio rebelde. mas já estava machucada. não sei se tomaria outra decisão, sabe? já vi e senti demais. mas hoje me arrependo. não escolheria outro lugar, apenas me juntaria com os outros. apesar de me arrepender profundamente da escolha que fiz, não lhe escolheria também. seria egoísta de minha parte me juntar aos seus. eu os amo mas eles apenas o admira. nós criamos o amor. por que não o aceitou? 

sabes o que sinto pois tu sentes o mesmo que eu.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

do caos que tua falta me faz

incógnita do ser
caos esquizóide
já cansei de implorar
a ti, aos céus, deuses e tudo mais que possa existir
por ti
por algo mais
pois não dá para se amar o vazio
não se ama na inexistência
e por mais que me doa dizer
não importa o amor de volta
tudo que quero, em meio a tantas emoções
é uma razão.
infima
razão
onde mostre que em meio a todo este caos
e toda esquizofrenia não tratada
deus
ainda há um pouco de ti em mim
por favor, se mostre
como é
se é

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

martírio infindável

não consigo ser uma, não sei ser maré baixa.
quero o mundo e não deveria aceitar menos que isso. onde foi que me perdi? nesse mar brabo e turbulento que são minhas emoções, estou ali, aflita em algum cantinho esperando a hora certa para emergir.
não me basto, nada é suficiente pra mim.
tento enfiar nessa cabeça dura que isso não é ruim, que o mundo deveria ser assim. que é horrível ser uma pessoa conformada. mas não dá. dói não ser suficiente, não me sentir suficiente. querer sempre mais e mais e mais. não ter fim.
será que ser estrada é isso também? bom, estradas tem fim, destinos. talvez eu tenha um, apenas estou tão perdida no caos do meu ser, que não encontro meu destino final.
quanta agonia pode caber dentro de um corpo? não há o risco dele explodir? sinto meu corpo entrando em colapso, quero rasgar minha pele e sair de onde habito. quero fumar cigarros e tragar seu perfume. quero amar. há tanto disso em mim que penso em morrer. morrer de amor, morrer de amar. afogada em tanto sentimento.

onde me perdi de mim mesma?

cansada de acordar e por mais que cada dia tenha um acontecimento novo, preciso de ação. cansada do trabalho e das mesmas pessoas, cansada do dia a dia, do cotidiano, de ter me tornado aquilo que mais temia. porra. cade os sonhos? ficaram presos à hora em que o corpo descansa? cade a mente destemida de quando criança? teria caído tantas vezes que parei de levantar? agora só ajoelho, peço perdão e aceito calada aquilo que antes não aceitaria nunca. que houve comigo? que há de errado? onde foi que me perdi e aceitei calada tudo aquilo que mais temia? e agora, mesmo farta de tudo, continuo na mesma! porra! pergunto novamente: que há de errado comigo?

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

poema sobre amar

e o peito apertado
coração dói
não há nada aqui alem do vazio existencial
há tudo e há o nada
deus
que será de mim
perdida, sem rumo
é tão cansativo ter a mente repleta de pensamentos e o corpo não responder
o universo não corresponder
as emoções não responderem
dói amar alguém que não se conhece, que não se sabe da existência
dói ter tanto amor para dar e ninguém para receber
dói
esse nó na garganta que não sai
esses pensamentos confusos e ações mais confusas ainda
dói, porra
e não sei o que fazer
por isso despejo todo meu amor para o primeiro que me dá um sorriso torto
dou tudo
dou muito
me dou
e nada recebo
pois ninguém tem nada para dar
ou talvez, apenas não queira me amar.